eu, joana
2022-jun / cor / 16:9 / som direto com banda sonora / 19’30’’ /curta-metragem
curta-metragem escrita e realizada no âmbito do 2º ano de cinema - curso de cinema/imagem em movimento no ar.co escola de artes.

sinopse
joana (39 anos) e o seu companheiro ivo, uma amiga teresa e um casal de amigos guilherme e pedro preparam uma grande viagem à escócia, depois de um longo período de privação. joana descobre que está grávida. nunca quis ser mãe. não é do estilo maternal e isso é do conhecimento de todos. joana quer interromper, mas ivo quer ter a criança. há um jantar para discutir a viagem à escócia, mas este é apenas o tema visível, porque opção de joana sobre a maternidade está na mente de todos.
nota de intenções
este filme não é sobre o aborto. este filme não é sequer sobre a interrupção voluntária da gravidez. este filme quiçá é sobre a opção da mulher em ser, ou não ser, mãe. porém, este é de facto um filme sobre o machismo estrutural da sociedade. a pressão para as mulheres serem mães, como se a preservação da espécie dali dependesse e, claro, a primazia à opção do homem.
como dizia, o machismo estrutural que está na base de um grande número de problemas da sociedade atual, mas também fruto do legado de milénios de história e que nos deixaram a violência doméstica, a homofobia, a transfobia e a misoginia para coroá-los a todos.
desde cedo me interessei por estes temas. não só porque nasci numa família da classe média com 4 filhos e 1 filha, onde a maternidade nunca foi questionada, embora a liberdade individual tenha sido sempre assegurada, genericamente falando, mas também porque a minha homossexualidade esteve latente até muito tarde, impedindo-me de viver de forma plena. esse traço da minha personalidade eclodiu finalmente, e hoje ao lamber as feridas dos anos de (auto)repressão e micro agressões contínuas, percebo que é o mesmo machismo estrutural aquele que continua a cavar o fosso de género, essa construção essencialmente cultural.
também na minha vida de ativista feminista e ativista pelos direitos das pessoas lgbti, com quase 15 anos de envolvimento e voluntariado, e nos últimos 4 anos como dirigente da associação ilga portugal, tenho tido contacto com realidades de muitas pessoas vítimas de uma matriz preconceituosa, muitas vezes em situação de emergência social.
felizmente tenho também tido contacto com inúmeros casos opostos, de pessoas empoderadas, mulheres autónomas, donas do seu nariz, e do seu útero, gays e lésbicas libertas de preconceitos, capazes de se exprimir livremente, pessoas trans que têm a coragem de enfrentar o ainda muito vincado estigma e afirmar a sua identidade de género e muitos outros casos que aqui não caberiam.
este é um filme que documenta uma evolução da mentalidade das pessoas e que pretende instanciar em particular a evolução do pai, não como aquele que gera e aquele que decide, mas aquele que apoia a decisão. e fá-lo dando um exemplo de empoderamento feminino.
a mundana trindade
designadas coletivamente de mundana trindade, esta entidade é constituída pela igreja católica, o estado laico de direito e o povo. está sentada em três cadeiras lado a lado, cada um dos seus elementos estando vestido de forma simbólica:
a igreja católica está vestida de cardeal, com uma solidéu e paramentos luxuosos. é representada por um ator homem.
o estado laico de direito está vestido com uma beca ou toga. é representado por um ator homem.
o povo está vestido com roupa informal, usando uma tshirt com um conteúdo político forte “pro life” e é representado por um homem.
a mundana trindade não expressa sentimentos nem emoções, mas é filmada frequentemente como pano de fundo. está sempre presente, ora acompanhando o que se passa, ora tendo ligeiras interações com os personagens, sem alterar aparentemente o curso da narrativa.
filme
elenco
paula moreira
carla gomes
jorge carvalheiro
manuel gaspar
nuno miguel gonçalves
alberto jorge
josé-luís almécija
rui martins
suzana josé
equipa técnica
fotografia
bruno mairos
iluminação
margarida fonseca
direção de som e perche
arturo monterosso
perche
joão santos
pós-produção de som
nuno gonçalves
anotação
marcus silva
montagem e pós-produção
nuno gonçalves
produção
carla gomes
nuno gonçalves
realização
nuno gonçalves
apoios
teatro thalia
agradecimentos
ana zanatti
cristina santinho
eduardo gonçalves
espaço corpo santo
maria vito
paulo chitas
tânia diniz
teresa amor
teresa pegado
inês oliveira
joana cunha ferreira
leonardo simões
maria mire
ricardo guerreiro
rita júlio
música
moonlight, dave robertson (2019), jazz instrumental chill
jennifer she said, lloyd cole and the commotions (1987) in mainstream
vibes, dave robertson (2019), jazz instrumental chill
3 pieces in old style: no . 1. aria (2012), krzysztof penderecki, warsaw philharmonic chamber orchestra








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